segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ewigkeit


Lieber R.,

wie geht's, amado? Como o tempo passa rápido, não é? Ontem mesmo eu recebera uma mensagem que, por algum motivo, eu já esperava. Lembro-me que eu sabia exatamente do que se tratava antes mesmo de lê-la. Lembro-me de ter sonhado que segurava sua mão, e que me olhava com os seus olhos azuis, que na verdade eram verdes, mas que sempre direi o contrário, e você me dizia que estava na hora de ir. Estranho tudo isso não?
E por outro lado, há pouco estava onde tudo começou; onde tudo mudou para você; onde se uma coisa tivesse acontecido diferente, talvez você ainda estaria aqui. Talvez eu não te conheceria, mas você pelo menos estaria ainda fazendo feliz aqueles que ao seu redor já estavam. Ou talvez até nos conheceríamos, mas as circunstâncias seriam tão diferentes que não teríamos sido tão amigos. Ou talvez nada teria afetado e você continuaria aqui, ao nosso lado, mesmo que nas lindas terras do Império do Oeste.
Três anos se passaram. E como passaram. Muito aconteceu. Mudei muito e tenho certeza você também teria mudado. Resolvi assumir os meus sonhos e correr atrás deles, mesmo que muitas vezes com um grande receio de quebrar a cara, mas ao mesmo tempo com a estranha confiança que tudo dará certo. Creio que tudo foi uma congruência de fatores. A sua ida me impulsionou a ver e enfrentar a fragilidade da vida; como ela é efêmera e a qualquer momento ela pode ser tirada de nós. Lembro-me de me sentir tão fraco e triste, que eu era, nas palavras de Kushner, a shell, e nada mais. Apenas um corpo em pé, sem cair, mas emocionalmente ausente.
Bom, nesses três anos, o que posso dizer é que eu sinto saudades da sua janela pulando na minha tela com as palavras "oi amado!" Sinto falta da sua teimosia, da sua constante vontade de ficar mais tempo no computador do que devido, das nossas conversas que duravam horas e horas; sinto falta da sua amizade; sinto falta de você.
Um dia você me perguntou se eu sentiria a sua falta quando você fosse embora e a resposta ainda é a mesma: claro que eu vou sentir saudades de você. Sinto todos os dias. Mas sei também que não nos despedimos para sempre, pois, como você mesmo disse, "para sempre é longe demais, sempre tem uma hora que a gente se encontra." E é verdade!
E então até lá, mein kleiner Freund, ich freue mich auf diesen Tag.

Alles liebe,

B.

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